Serão 4 os minicursos ministrados em nosso evento:
- Introdução a alguns princípios teórico-metodológicos em História Atlântica
- Marxismo Latino-americano e o pensamento de José Carlos Mariátegui
- O espaço ibero-americano sob a vigilância inquisitorial e episcopal: Religião e Religiosidade na América portuguesa (XVI-XIX)
- Os Periódicos e a História no Brasil Oitocentista
Todos os cursos serão oferecidos pela manhã, em horários coincidentes, o que indica que será possível participar de apenas um deles. As vagas são limitadas e, conforme forem se esgotando, avisaremos por nossas mídias.
Confira mais informações sobre cada um deles:
Minicurso 1 – Introdução a alguns princípios teórico-metodológicos em História Atlântica
Responsável: Profa. Dra. Denise A Soares de Moura (Universidade Estadual Paulista – UNESP/campus Franca)
Este curso tem o objetivo de introduzir o ouvinte em alguns princípios teórico-metodológicos da História Atlântica. Inquirir a história das civilizações a partir dos fluxos oceânicos foi um exercício intelectual realizado pioneiramente por alguns historiadores europeus. Contudo, a história atlântica se consolidou como forma de abordagem e disciplina a partir de 1970 no meio acadêmico norte-americana. Alguns princípios pregados e em certa medida aplicados por experiências investigativas e analíticas desta corrente teórico-metodológica serão apresentados neste mini curso, tais como a des-territorialização na formulação de temas, o oceano como força de influência nos processos históricos e a valorização das ilhas como berço e mediador das civilizações atlânticas. As aulas serão expositivas e estarão fundamentadas em material cartográfico e bibliográfico.
Aula 1: história de uma forma de investigação e abordagem histórica
Aula 2: Mudanças do local de observação: fazer história a partir de uma perspectiva oceânica
Aula 3: A valorização dos arquipélagos na definição de temas e análise histórica
Bibliografia
Livros
BRAUDEL, Fernand. O mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. Publicações D. Quixote, 1983, 2v.
BAILYN, Bernard. Atlantic history: concept and contours. Cambridge, Massachussetts, Harvard University Press, 2005.
____ & Denault, Patricia L. Soundings in Atlantic History: latent structures and intellectual currents, 1500-1830. Massachusetts, Harvard University Press, 2009,
FISCHER, Steven Roger. Ilhas: de Atlântida a Zanzibar. São Paulo, Editora UNESP, 2014.
GAMES, Alison (org). The Atlantic world: a History, 1400-1888. Illinois, Harlan Davidson, Inc. 2007.
GREENE Jack P. and MORGAN, Philip D. Atlantic History: a critical appraisal. Oxford, University Press, 2009.
GODECHOT, Jacques. Histoire de l´Atlantique. Bordas, 1947.
KUPPERMAN, Karen Ordahl. The Atlantic in world history. New York, Oxford University Press, 2012.
RUSSELL-WOOD, John. Um mundo em movimento: os portugueses na África, Ásia e América (1415-1808), Lisboa, Difel, 1998.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Atlântico: a história de um oceano. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2013.
WINCHESTER, Simon. Atlântico. São Paulo, Companhia das Letras, 2012.
Artigos
GAMES, Alison. Atlantic History: definitions, challenges and opportunities. The American Historical Review. 111 (3), Jun. 2006, pp. 741-757.
BAILYN, Bernard. The idea of Atlantic History. Itinerario. V. 20, issue 01, março de 1996, pp. 19-44.
____. Atlantic history: concept and contours. Cambridge, Massachussetts, Harvard University Press, 2005.
BENTLEY, Jerry. Seas and ocean basins as frameworks of historical analysis. Geographical Review, 89 (2), April 1999: 215-224.
STEINBERG, Philip E. Of other seas: metaphors and materialities in maritime regions. Atlantic Studies. 10:2, 156-169, 2013.
Minicurso 2 – Marxismo Latino-americano e o pensamento de José Carlos Mariátegui.
Responsável: Prof. Dr. Marcos Sorrilha Pinheiro (Universidade Estadual Paulista – UNESP/campus Franca)
A América Latina se configura como um terreno fértil para o desenvolvimento do marxismo e de suas tradições desde os primórdios do século XX. Inevitavelmente, a necessidade de se adaptar às peculiaridades do subcontinente resultou no surgimento de novas interpretações dentro de seu ideário. Este minicurso buscará apresentar um pouco da história do marxismo na América Latina, compreendendo suas fases, desde a chegada até os momentos atuais. Entretanto, dará especial atenção ao pensamento de José Carlos Mariátegui, intelectual peruano da década de 1920, que, para muitos, foi o responsável pelo primeiro movimento de “nacionalização” do marxismo à América Latina. Muito mais do que um tradutor, Mariátegui teria sido responsável pela elaboração de um marxismo legitimamente latino-americano.
Palavras-chave: Marxismo – América Latina – José Carlos Mariátegui.
Minicurso 3 – O espaço ibero-americano sob a vigilância inquisitorial e episcopal: Religião e Religiosidade na América portuguesa (XVI-XIX)
Responsáveis: Prof. Dr. Angelo Adriano Faria de Assis [Universidade Federal de Viçosa (UFV)], Prof. Ms. Marcus Vinícius Reis [Doutorando, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)], Prof. Dr. Yllan de Mattos [Universidade Estadual Paulista (UNESP)]
A proposta deste Minicurso preza pela importância do intercâmbio acadêmico interdisciplinar já presente na historiografia e nos debates sobre a Intolerância, principalmente, no que diz respeito à intolerância religiosa, até hoje fonte de problemas e violências no mundo em que vivemos. Nosso recorte temático procura abranger o debate em torno da Intolerância religiosa durante os 285 anos de existência do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no mundo português, entre 1536-1821, uma das fontes privilegiadas para tipificar a intolerância.
Este minicurso é resultante não apenas de nossas pesquisas de mestrado e doutorado, mas ainda, de reflexões e discussões realizadas pelos proponentes sobre a temática da Intolerância e da Inquisição, bem como a projeção pelo tempo, de elementos como o autoritarismo, a coerção impositiva de idéias e ideologias, depois transmutadas em comportamento e violências que acabaram se institucionalizando.
Discutiremos as causas do surgimento do Tribunal do Santo Ofício no mundo português, analisando seu processo de instauração e estruturação, formas de atuação, objetivos e processos relativos a desvios comportamentais no tempo. O curso busca ainda traçar um panorama inicial da presença inquisitorial no Brasil, apontando suas motivações e objetivos, assim como as transformações sociais causadas pela vigilância inquisitorial nas áreas das Visitações, bem como das críticas e apoios recebidos pela Inquisição, evidenciando seus desdobramentos. Os cristãos novos, cuja presença parece ter sido o mais significativo pretexto para a instalação da Inquisição portuguesa, assim como suas principais vítimas ao longo dos quase três séculos de existência do Tribunal, são exemplos privilegiados para o estudo do processo da intolerância social e religiosa.
A documentação que ficou da ação do Santo Ofício – confissões, denúncias, processos – em decorrência de suas visitações ao Brasil (1591-95, 1618-20 e 1763-69), aliado a fontes bibliográficas e iconográficas, torna-se o material básico para a realização deste curso, além de fonte riquíssima e indispensável para o trabalho do historiador que estuda o Brasil colonial.
Programa:
- Os cristãos-novos: os judeus não-judeus e os não-judeus judeus: O tempo dos judeus na Ibéria; Marranos em Espanha e Portugal; Os neoconversos na sociedade luso-brasílica.
- Cristãos-novos no Brasil: A influência judaica na formação da sociedade brasileira; Cristãos velhos e cristãos-novos: uniões e conflitos; Os cristãos-novos no Nordeste – séculos XVI e XVII; Os cristãos-novos no Rio de Janeiro – século XVIII; Resistência judaica e criptojudaísmo.
- A Inquisição no Reino: Causas para o surgimento da Inquisição Moderna; A Inquisição e seu tempo; Os símbolos da Inquisição e de seu poder de dominação; O Caso Espanhol e o caso português: semelhanças e diferenças; Estruturação e expansão da Inquisição; Os monitórios inquisitoriais. Outras experiências: a Inquisição Calvinista. Declínio e término da Inquisição Moderna.
- A Inquisição no Brasil – causas, momentos e personagens: Causas para a presença da Inquisição na luso-américa; Principais vítimas e heresias; A perseguição aos neoconversos; As visitações ao Brasil: 1591-95, 1618-21 e 1763-69; A Inquisição em Minas Gerais; Processos contra brasileiros; Estudos de Casos; Transformações sociais e principais envolvidos.
- Sobre a Inquisição na sala de aula: Inquisição sobre a Inquisição; Reflexos atuais do Santo Ofício; Inquisição como fonte para o Brasil Colonial.
Bibliografia básica:
ALCALÁ, Angel (org.). Inquisición española y mentalidad inquisitorial. Barcelona: Editorial Ariel, 1984.
ARAÚJO, Emmanuel. O Teatro dos Vícios: Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.
ASSIS, Angelo Adriano Faria de. MACABÉIAS DA COLÔNIA: Criptojudaísmo feminino na Bahia – Séculos XVI-XVII. São Paulo: Alameda, 2014.
AZEVEDO, J. Lúcio. História dos Cristãos-Novos Portugueses. 3a ed. Lisboa: Clássica Editora, 1989.
BETHENCOURT, Francisco. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália. Lisboa: Printer Portuguesa, 1996.
CENTENO, Yvette Kace (coord.). Portugal: Mitos revisitados. Lisboa: Edições Salamandra, 1993.
COELHO, António Borges. Cristãos-Novos Judeus e os Novos Argonautas. Lisboa: Editorial Caminho, 1998.
COSTA PÔRTO, José da. Nos tempos do visitador; subsídio ao estudo da vida colonial pernambucana, nos fins do século XVI. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1968.
DINES, Alberto. Vínculos do fogo: Antônio José da Silva, o Judeu, e outras histórias da Inquisição em Portugal e no Brasil. 2a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
FEITLER, Bruno. Inquisition, juifs et nouveaux-chrétiens au Brésil. Le Nordeste, XVIIIe et XVIIIe siècles. Louvain: Leuven University Press, 2003.
FERREIRA DA SILVA, Lina Gorenstein & TUCCI CARNEIRO, Maria Luiza (orgs.). Ensaios sobre a Intolerância. Inquisição, Marranismo e Anti-Semitismo. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2002.
FERRO TAVARES, Maria José Pimenta. Judaísmo e Inquisição – Estudos. Lisboa: Editorial Presença, 1987.
GONSALVES DE MELLO, José Antônio. Gente da Nação: Cristãos-novos e judeus em Pernambuco, 1542-1654. 2ª ed. Recife: FUNDAJ, Editora Massangana, 1996.
HERCULANO, Alexandre. História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal. Lisboa: Livraria Bertrand, 1975, 3 vols.
LIPINER, Elias. Os Baptizados em Pé – Estudos acerca da origem e da luta dos cristãos-novos em Portugal. Lisboa: Vega, 1998.
LIPINER, Elias. Terror e Linguagem. Um Dicionário da Santa Inquisição. Lisboa: Círculo de Leitores, 1999.
MATTOS, Yllan de. A última Inquisição: os meios de ação e funcionamento do Santo Ofício no Grão-Pará pombalino (1750-1774). Barueri: Paco editorial, 2012..
NAZÁRIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Humanitas/EDUSP, 2005.
NOVINSKY, Anita W. Cristãos Novos na Bahia: 1624-1654. São Paulo: Perspectiva/Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.
PASTORE, Stefania. Il vangelo e La spada: l’Inquisizione di Castiglia e i suoi critici (1460-1598). Roma: Edizione di storia e letteratura, 2003.
PIERONI, Geraldo. Os Excluídos do Reino: A Inquisição portuguesa e o degredo para o Brasil Colônia. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
RIBEIRO, Benair Alcaraz Fernandes. Simbologias de um poder: Arte e Inquisição na Península Ibérica. São Paulo: Annablume, 2010.
SCHWARTZ, Stuart. Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. São Paulo/Bauru: Companhia das Letras/EDUSC, 2009.
SIQUEIRA, Sonia A. A Inquisição Portuguesa e a Sociedade Colonial. São Paulo: Ática, 1978.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados: moral, sexualidade e Inquisição no Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
VALENTE, Michaela. Contro l’Inquisizione: il dibattito europeo. Secc. XVI-XVIII. Torino: Claudiana, 2009.
VILAR, Gilberto. O Primeiro Brasileiro: Onde se conta a história de Bento Teixeira, cristão-novo, instruído, desbocado e livre, primeiro poeta do Brasil, perseguido e preso pela Inquisição. São Paulo: Marco Zero, 1995.
VOLTAIRE. Cândido. Tradução Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
WIZNITZER, Arnold. Os Judeus no Brasil Colonial. São Paulo: Pioneira/EDUSP, 1966.
Minicurso 4 – Os Periódicos e a História no Brasil Oitocentista
Responsável: Profa. Dra. Milena da Silveira Pereira (Pós-doutoranda no PPGH/ UNESP campus Franca – PNPD/Capes)
O curso discutirá o papel da imprensa periódica na construção da história brasileira oitocentista, destacando como os historiadores tem recorrido a esse corpus documental para produzir e organizar o passado. O curso será dividido em duas abordagens principais: o periódico como fonte para o historiador e o lugar desses impressos na cultura escrita brasileira.
Bibliografia:
AZEVEDO, Moreira de. Origem e desenvolvimento da imprensa no Rio de Janeiro. R.IHGB, Rio de Janeiro, tomo XXVIII, 2. parte, 1865.
DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette – mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1972.
FOUCAULT, Michel. L’ordre du Discours. Leçon inaugurale au Collège de France prononcée le 2 décembre. Paris: Éditions Gallimard, 1971.
FREITAS, Afonso A. de. A Imprensa Periódica de São Paulo. Desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Typ. do Diário Oficial, 1915.
LACAPRA, Dominick. History & criticism. Ithaca: 1985.
LUSTOSA, Isabel. (org.). Imprensa, História e Literatura. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2008.
PRIMEIRO centenário da imprensa periódica no Brasil. R.IHGB, Rio de Janeiro, tomo especial, v. I, parte 1, 1908.
RIZZINI, Carlos. O livro, o jornal e a tipografia no Brasil: 1500-1822. Rio de Janeiro: Kosmos, 1946.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
VEYNE, P. Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. 4. ed. Brasília: UNB, 1998.
VIANA, Hélio. Contribuições à história da imprensa brasileira: 1812-1869. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945.